Copo detecta bebida adulterada e cria nova camada de proteção


Detectar uma bebida adulterada com metanol ou drogas sempre foi um desafio silencioso em festas, bares e até dentro de casa. Agora, um copo detecta bebida adulterada em poucos segundos e transforma um risco invisível em um alerta visual imediato. A inovação nasceu em Santa Rita do Sapucaí, no sul de Minas Gerais, pelas mãos da estudante de engenharia biomédica Rayana Fernanda dos Santos Silva, do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), após dois anos de pesquisa dedicada à segurança do consumidor.

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Como funciona o copo que detecta bebida adulterada

A tecnologia atua por meio de uma fita gelatinosa inserida no copo, produzida com antocianinas, pigmentos naturais extraídos de vegetais. Quando entra em contato com líquidos contaminados, a fita muda de cor em cerca de 15 segundos. Roxo é o tom original. Amarelo neon indica metanol. Rosa aponta a presença de drogas dopantes. Ainda assim, o sabor, o cheiro e a aparência da bebida permanecem inalterados, o que garante uso discreto e prático em ambientes sociais.

Além disso, o copo detecta bebida adulterada por substâncias associadas ao golpe conhecido como “Boa Noite, Cinderela”. Em testes controlados, a fita reagiu a compostos como GHB, cetamina e benzodiazepínicos, todos sedativos capazes de causar perda de consciência e memória. A reação ocorre a partir da variação de pH da bebida, um método já utilizado em análises toxicológicas, conforme explica a professora Maysa Costa Alves, orientadora do projeto.

Segurança química e preocupação ambiental

Outro diferencial está no material. O copo detecta bebida adulterada foi desenvolvido em plástico biodegradável, com degradação estimada em até seis meses quando descartado corretamente. Inicialmente pensado como descartável de bagaço de cana, o projeto evoluiu para equilibrar durabilidade, custo e menor impacto ambiental. Além disso, a fita mantém sua capacidade de reação por cerca de 72 horas e não responde a líquidos como café ou energético, evitando alarmes falsos.

Diante do aumento de casos de intoxicação por metanol no Brasil — 73 registros e 22 mortes no período citado pela pesquisa — a tecnologia também foi adaptada para esse tipo de contaminação, ampliando seu alcance como ferramenta de saúde pública.

O projeto venceu o primeiro lugar em complexidade técnica na Feira Tecnológica do Inatel (Fetin) de 2024 e deu origem à startup Green Byte Solution, atualmente em fase de pré-incubação. O próximo passo envolve o pedido de patente e testes em campo, com expectativa de aplicação em grandes eventos e venda direta ao consumidor. Assim, quando um copo detecta bebida adulterada antes do primeiro gole, a ciência deixa de ser apenas laboratório e passa a atuar como aliada direta da vida cotidiana.

A proposta do mostra como soluções simples, baseadas em química e engenharia, podem gerar proteção real. Ao tornar visível o que antes passava despercebido, o copo aponta um futuro em que segurança e inovação caminham lado a lado no consumo diário.

Fonte: BNB

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